Técnicas como sobressemeadura, ajustes na alimentação e planejamento garantem produtividade na estação mais fria
Com a chegada do outono, produtores rurais de Santa Catarina já se preparam para manter a produtividade leiteira durante o inverno, período esse em que a produção e a demanda aumentam significativamente. O estado, quarto maior produtor de leite do Brasil, aposta no manejo adequado de pastagens, no ajuste nutricional dos rebanhos e em planejamento estratégico para garantir bons resultados nos meses mais frios.
Entre março e abril, propriedades rurais iniciam o cultivo de pastagens de inverno como aveia, azevém, trigo forrageiro e centeio, que crescem entre as gramíneas perenes de verão, como Tifton 85 e Capim-Pioneiro. Essas forrageiras são consideradas rações verdes, com alto teor proteico e energético, contribuindo para a saúde e produtividade dos animais.
Técnicas aumentam oferta de pasto e qualidade nutricional
De acordo com o extensionista da Epagri em São Miguel do Oeste, Jonas Marcelo Ramon, a sobressemeadura pode elevar em até 30% a produção de forragem. No entanto, ele alerta para a importância do manejo escalonado: “Quem planta seis hectares deve dividir o cultivo em pelo menos três etapas, para evitar perdas e garantir cortes contínuos durante o inverno”.
Outro ponto essencial é o controle da entrada e saída do gado nos piquetes, mantendo alturas ideais do pasto para evitar o esgotamento das forrageiras. “Entrar com 25 a 30 cm de altura e sair com 10 a 12 cm é o ideal”, orienta Jonas.
A qualidade das sementes e o cuidado com o solo também fazem diferença. A recomendação é adquirir sementes certificadas e manter a reposição de nutrientes por meio do sistema de piqueteamento, que permite ao gado permanecer por mais tempo na área, devolvendo nutrientes ao solo através da urina e fezes.
Nutrição ajustada e planejamento potencializam o lucro
Durante o inverno, é necessário adaptar a alimentação dos animais, adicionando concentrados energéticos à dieta. Jonas sugere uma mistura com 80 kg de milho, 15 kg de soja, 4 kg de mineral e 1 kg de tamponante para manter o equilíbrio nutricional e elevar a produção de leite.
A Epagri defende o sistema de criação bovina à base de pasto, como forma de reduzir custos e melhorar a qualidade do leite. Em casos de escassez de forrageiras, o uso de silagem de milho ou grama é indicado como alternativa alimentar.
O extensionista destaca que o inverno é uma oportunidade de ganho financeiro: “É quando o animal está mais confortável e produz melhor. Por isso, é recomendável concentrar os partos e inseminações nos meses de julho e agosto, aproveitando a melhoria na reprodução e o aumento da demanda no mercado”.
Inverno exige organização e visão estratégica do produtor
Diante do pico produtivo esperado entre maio e junho, o produtor deve aproveitar o momento para planejar a gestão da propriedade, controlar os custos e organizar o calendário de atividades. Com estratégias bem executadas, o inverno pode se transformar no período mais rentável do ano para a pecuária leiteira.
Fonte: Epagri/SC